quarta-feira, 23 de julho de 2008


Um grande palco, muitas pessoas, algumas distraídas, outras dormindo, outras conversando e algumas no bar do lado de fora. A vida como ela é.
Estava eu lá, imóvel, para alguns eu nem estava.
O show começou. Algumas das pessoas simplesmente não vieram, foram fazer outras coisas. Mas eu estava lá, e então começa a contagem regressiva, você imóvel mas teu coração quase salta, pois todos te aguardam, por mais que sua presença não seja notada, fazes parte do elenco.
Dói o coração, uma lágrima brota dos olhos e silenciosamente desce a face para logo ser enxugada e expulsada dali, pois não é seu lugar. Reprimir.
Algumas pessoas pararam, prestavam atenção, outras conversavam, outras riam e outras nem mesmo estavam, mas tudo seguia, ninguém podia importar-se afinal, o livre arbítrio prevalece. Mas meu desejo era mudar, pois quando se aceita os fatos como eles são sem questioná-los, a essência da vida se perde, isso por que, nem sempre eles são, mas você os faz ser.
Imóvel, pensando e pensando e a coragem e o medo e a dor tudo parecia mais intenso, eu não era o que eu queria ser. Foi quando num ímpeto de mim, tudo acaba, e tudo começa. Sai do lugar mal iluminado, opaco, e caminhei, num palco que era grande, mas havia ficado grande demais, suas medidas tomaram proporções gigantescas e quase que me perco e quase que desisto, mas eu caminhava em direção a luz e quando finalmente a alcancei, eu gritei, eu gritei forte e meu coração virou pó, minha dor falou, minha alma me guiava e parei de pensar por alguns instantes...foi então que percebi, todos paravam, pararam para me olhar. Estonteados com minha atitude impensada, mas eu precisava salvar a peça. Caminhei mais a frente e eu já não era mais eu, mas quem eu era antes? “Por tanto, esqueça” disse para mim “isso não importa mais”. Acho que mundo parou de girar, acho que eu estava no comando... ou um “eu” estava e esse “eu” olhou para todos, não viu ninguém mas começou falar, como se palavras fossem fluidos: “Pense na vida como ela é...” e o chão estremeceu...
“Quantas verdades você pode agüentar? Quantas ilusões é capaz de criar e sustentar? Por quanto tempo?
Por trás de toda ilusão, o medo. A vida é...
Desvendar o íntimo que é tão íntimo, nos assusta, e a certeza de que somente os loucos conseguem, e mesmo assim, somente os mais corajosos obtêm mérito, a caminhada é longa, as pedras e espinhos estão ali, para você se arranhar. Ficarão as cicatrizes. Mas o que é a vida...senão as marcas do passado? Mas o que é a vida?
Objetivos. Caminhos. Pessoas. Sentimentos. Crenças. Impossibilidades. Auto-conhecimento. Momentos. Morte.
Defina vida. Defina morte.”
Fui aplaudida de pé. Alguém me entendeu?
Acho que voltava a ser eu e por mais que eu gritasse, pulasse, esperneasse, me despisse. Ninguém me entenderia, pois todos estão domesticados, treinados a se recolher na ignorância: aplaudiam.


Ana kelle Malaguti.

2 comentários:

Poesias e Canções disse...

(h5)

Anônimo disse...

Saudades, defino assim. Pare pra pensar quão besta é o ser humano...pois enquanto poderia olhar para os lados e descobrir coisas e pessoas novas...olha para os lados apenas a procura de UMA coisa ou UMA pessoa...lastimavel, mas eu sou um ser assim... Saudades de você Lucas, o menino da blusa rosa que gostava de legião! Grande beijo!